NALDOVELHO
Novelos de lã embaraçados, tapeçaria inacabada,
janela escancarada, manhã sonolenta de maio,
um vento frio invade o meu quarto,
em cima da mesa, folhas de papel em branco,
faz tempo não escrevo nada.
Na vitrola um disco de vinil, ainda os tenho!
Mania de coisas antigas,
guardados que me alimentam o espírito,
significados, imagens, poemas,
coisas de há muito ultrapassadas.
Pelas ruas floresce a loucura
e eu aqui a insistir na ternura
tento desencravar um verso.
Na estante meus santos conversam,
o eremita observa e se compadece.
Maria que a tudo assisti,
amorosamente sorri!